Continuação da série,

"BAÚ DE RECORDAÇÕES",

com a ciranda, "NOSSA FAXINA", agradecendo a todos os autores, pela brilhante participação.

Com carinho.

Yara Maria

 

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FAXINA



(Yara Nazaré-26/02/04)



Voltei ao velho sótão
Fiz uma faxina completa
Removi toda a poeira
Dos resquícios de tristeza
Que no passado remoto
Fizeram-me chorar.

Abri todas as janelas
Deixei entrar a luz do dia
Escutei da brisa suave
Um murmúrio em melodia
E renovei o ar com alegria.

Troquei as velhas cortinas
Desbotadas pelo tempo
Espanei teias de saudade
Nos objetos guardados
Nas gavetas da mesa
Delas retirei os cacos
Das ilusões e lamentos.

Nos diários encontrados
Folheei páginas amareladas
Rasguei as tristes anotações
Deixei somente os registro
Dos bons momentos vividos
E das boas recordações.

Renovei o ar mofado
Com gotas borifadas
Do olor da esperança
Ao findar a limpeza
Contemplei a minha obra
Com um sorriso benfazejo!

 

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TEMPO DE FAXINA

 

(Luísa Fernandes-26/2/04)

 

Chegou a Primavera,

O sol cintila

O ar renova

Os perfumes a hera

Os pássaros pipilam.

E dentro de casa

Há regeneração…

Troco cortinas

Pinto paredes

Retiro os quadros,

Corro de um

Para outro lado

Tal formiga diligente.

Tudo me serve de recordação

As fotos da família

Sobretudo dos que lá vão…

Mas a saudade atenua

Pelo carinho que dedico

À limpeza dos trastes

Que acumulei

Arrumei

Guardei

Sem utilidade…

Chegou a Primavera,

E me encanto

Diligentemente limpando

A saudade

Tal aranha que enreda

Meus pensamentos.

Respiro o ar depurado,

Meu coração alegre

Bate, bate, entoa:

“É Primavera,

Tempo de namoro…”

Mas que tesouro

De estação…

Abro a porta e as janelas

E vejo nelas

O baile das borboletas,

O desfile nupcial das aves…

E me revejo

Adolescente,

Correndo de um

Para o outro lado…

Apaixonada não por ti

Mas por toda a natureza

Que faz a limpeza

Nas nossas almas…

Chegou a Primavera

Serena

Com ela o encanto

Da limpeza do recanto

Desta minha alma…

 

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HÁ VÁRIOS TIPOS DE LIMPEZA...

(Vanessa Graça-26/2/04)

 

Há a limpeza da casa

Em que o pó se acumula

Que é preciso limpar

Para alergia não nos causar.

Há limpeza da memória

Em que as pessoas perdem os sentidos

E que não conseguem pensar,

Só nos fazem inquietar.

Há limpeza da tristeza

Em que as mágoas são sugadas

Pelo sabor da paixão.

Há limpeza da saudade

Quando revemos um conhecido

Há um tempo “desaparecido”.

Há limpeza do coração.

Em que a nossa mente voa

Na nuvem do amor

Cheia de sabor incolor.

É a partir da limpeza

Que se pode fazer uma pessoa sorrir

E sentir o bom que é viver,

Respeitar

E amar.

 


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FAXINA EM MEU CORAÇÃO

 

(Edna Liany Carreon-26/02/2004)



Hoje resolvi fazer uma faxina
em meu coração...
Retirei dele, a tristeza,
às velhas recordações e também a ilusão...
Decidi faxinar as desilusões
e dar lugar à esperança e às novas emoções...
Percebi que foi um grande alivio
depois que a faxina terminou...
Sinto agora meu coração mais livre bater,
leve, querendo novamente viver...
Olho ao meu redor e sinto,
a natureza a sorrir,
o sol voltou a brilhar e até a chuva fina,
o meu rosto molhar...
Agora, posso outros caminhos percorrer...
Pois entendi que a vida...
Essa dádiva divina, me foi dada,
para que eu possa viver...


(ednaliany@superig.com.br)

 

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FAXINA

(Thereza Mattos-São Paulo, 26-02-04)



Triste e cinzento ,
O dia amanheceu chuvoso
Abri as janelas e fiquei triste
O Sol se escondia preguiçoso...

-Acorda Astro Rei
Vem esta terra iluminar
Não nos deixe assim sem luz
Vamos, venha nos alegrar!

Mas a chuva continua
Mansa, leve e muito fina
Não vou poder passear
Só me resta uma faxina...

Subi ao sotão tão amigo
Que guarda as recordações
Dos velhos tempos antigos
Das minha velhas emoções...

Comecei a procurar
Algo que ficou no passado
Queria com isso apagar
Tudo que me havia magoado...

Abri todas as gavetas
Achei tuas cartas perfumadas
Já quase apagadas as letras
Mas viva ainda, a palavra "amada"

Chorei então de saudade
Tornei as gavetas fechar
Quem sabe se a felicidade
Ainda volta a me procurar!




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A FAXINA DA PRÓXIMA VÍTIMA

(Schyrlei Pinheiro)

 


Semi-viva, respirava a vítima,
aspirando prosseguir, caluniando a dor,
propalando a íntima derrota obtida no duelo
com o espelho, quebrado no desespero
de acordar no meio do pesadelo,
querendo voar nas asas quebradas,
correr na estrada esburacada,
banhando o futuro em um passado poluído.
Não precisa de flores, não queres piedade,
tua maldade alimentou a ousadia
da vil covardia, cheia de fel.
Faxinando a vida, sem nenhum lamento,
deixamos à sós a repugnância,
que despertou o desprezo
da próxima vítima.

 

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LIMPEZA DA ALMA

 

(Mary Fioratti)

 


Quero hoje olhar para dentro
De seus olhos
Que fazem parte dos meus dias
Há tantos anos
Quero prestar atencão
Em seus cabelos brancos
Nas transformacões de seu rosto
Em todas aquelas rugas
Que eu preocupada comigo mesma
Não olhei
Hoje quero dar-lhe um abraço
Demorado, sentido
Apaixonado
E agradecer por você
Ter estado sempre ao meu lado
Apoiando-me
Amando-me
Entendendo-me do jeito que sou
Quero hoje olhar para dentro
De mim mesma
E enxergar o interruptor desta luz
Que sem querer após alguns anos
nos deixam na penumbra
Mas antes de acendê-la
Quero fazer um jantar a luz de velas
Para nossas almas
A toalha será de renda de ternura
Os pratos serão cheios de abraços
As taças serão repletas com beijos
Os talheres serão nossas mãos
Unidas sobre a mesa
Quero apenas estar com você
Sem dizer nada
Que possamos apenas nos olhar
Com os olhos cheios de lembranças
Lembranças passadas
Que transformaram hoje nossa vida
Nesse lindo presente
E brindando com a taça dos nossos beijos
Esquecer tudo que sofremos
E ler entre sorrisos e abraços ternos
As palavras mudas que sempre entendemos.

 

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LIMPEZA DA ALMA

 


(Marcial Salaverry)



Sempre precisamos esvaziar a alma,
é algo que sempre nos acalma...
Mágoas antigas procuramos,
e delas nos livramos,
sempre aliviando o coração...
É de nossa natureza,
fazer essa limpeza
para não ceder à tristeza,
nunca esquecendo a real beleza
que podemos encontrar,
no simples fato de amar...
Precisamos dessa faxina,
pra fugir dessa sina...
Para a limpeza completar,
vamos nossa alma liberar
para alegrar o coração,
com a gostosa sensação
que o amor nos traz...

 

 

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SE EU FAXINAR...

 


(Carol Rivers)



Com o arsenal todo,
panos, baldes, aromatizantes,
subi na escada.
A intenção, aliviar os
armários e também o coração.
Fui tirando caixas de sonhos,
pacotes de amores,
alegria guardada,
embrulhos estranhos,
papéis e fitas,
de todas as cores.
Quanto mais coisa tirava,
mais lugar no armário sobrava,
mas, percebi que o coração mais
vazio ficava.
Ouvi então, um som
um som estranho, que como
um forte tambor batia.
E ele, com muita força dizia :
- Não jogue fora nada disso
essa é sua trajetória,
bem ou mal você a viveu,
não se livre dela,
essa é a sua história !


(Santo André - SP/fev./04
)





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FAXINA

 

 

(Cleidiner Ventura/Anjo)



Hoje, passado tanto tempo
aqui estou a reler
as nossas cartas
tão bem guardadas...

...nessa caixa de bombons
empoeirada,
esquecida,
inerte,

no armário de meu quarto
entre tantos outros objetos
saudosistas.

Os envelopes
amarelados pelo tempo,
a tinta ora borrada,
talvés por lágrimas
que chorei...

Lê-las é uma viagem
ao tempo,
tempo que fomos felizes.

Palavra por palavra,
ao lê-las
percebo
saber de cor.

- Porque as guardei,
se as tenho vivas na memória?

Tantas juras,
promessas...

Tantas palavras
de
amor!

Em trânse
limpo a poeira da caixa,
borrifo a com um pouco de lavanda
e guardo as cartas novamente...

Faxina
ainda difícil
de realizar...

...de que me adiantaria
jogá-las,
se você
continuara
dentro das minhas mais
sinceras e puras
recordações.



Cleidiner Ventura/Anjo
São Paulo, 27/02/2004
cleidiner@terra.com.br
http://asasdeumanjo.webcindario.com
http://poetasbrasil.webcindario.com
http://personales.ciudad.com.ar/pintoresdomundoepoemas/
http://www5.domaindlx.com/chegamaispertodemim/

 

 

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FAXINA DE UM AMOR

 



(Fascination - 26/02/004)



Hoje queria limpar de minha vida
tudo que recorda-se tua lembrança.
Subi ao sotão, abrindo baús e gavetas,
fui retirando deles, toda mágoa e mentiras
que deixastes em minha vida.
Reli tuas cartas...
lentamente vou rasgando cada folha,
deixando para trás tua lembrança,
aliviando meu coração deste amor.
Faxina feita, olho em volta e vejo
um pequeno raio de sol entrando
pela janela.
Esperanças renovadas de um novo viver.

 

 

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FAXINA

 

(Marilena Frade)

 

Levantei poeira adormecida,
Ergui os apetrechos da alma
Lavei restos e limpei cinzas.
Descansei!

Faxina de vida que leva dias!
que pede goles de vinho
pra adormecer no cansaço
e limpar ferrugens
que obscuram sentimentos. Embebeci!

Desabei lágrimas. Limpei meus olhos,
suavisei as rugas
e lavei os sinos da matriz do peito!

Esfoliei a prata e o ouro escondidos, com jeito!
Tudo, emocionalmente, refiz!
Clariei meus sonhos. Abri a caixinha de música
soprei gavetas. Cantei!

Acendi todas as luzes e cortei todos os supérfluos
que não afagam dor nenhuma!
Retirei todos os calos. Alisei as rugas!
Desabrochei!

Agora, só vou querer dedilhar as cordas do futuro,
sonorizar meus novos cantos e recantos.
E num batuque ritmado, harmonizar!

Vou sorrir com o cheiro da faxina,
vestir a fantasia tanto tempo escondida. Guardada.
Treinar passos novos. Dançar!

Quero renascer das cinzas! Abrir porteiras,
ludibriar a tristeza
e fugir, sorrateira, com a alegoria da felicidade.
Sambar!
E, a partir de hoje, viver intensamente! Suar!



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Obrigada, pela sua visita!
Yara Nazaré